Por
que nós mulheres nos referimos à nosso órgão sexual como
“xaninha”, ”menina”, “baratinha”, ”perseguida”,
”borboletinha”, “xereca” , “perereca” , “passarinha”
, “racha”, “rachada” entre outros termos ,que, quando
oralizados expressam tanta vergonha em falar de uma das partes mais
poderosas, representativas e únicas do corpo feminino? Por que não
dizemos VAGINA e/ou VULGA? Por que muitas pessoas falam “Médico de
mulher” e não GINECOLOGISTA? Por que “peitinho”, “tetinhas”,
“mámá” e não SEIOS ou MAMAS? Por que “grelo” e não
CLITÓRIS? Não entendo porque tanta mulher tem vergonha, receio ou
até mesmo medo de falar sobre suas genitálias ... Enquanto os
homens se orgulham e competem entre si por causa de seus pênis,
mulheres se escondem, se envergonham , se martirizam e se sentem
inferiores em detrimento a suas vulvas/vaginas ... Sigmund Freud diz
que o Carro representa o pênis ( Por isso homens gostam tanto de
comprar carros, consertar carros, mexer em seus carros, limpar seus
carros, melhorar seus carros e exibir seus carros ?) e a barata
representa a vagina ( Saira daí o termo “baratinha”?) ... Bem,
agora até que faz certo sentido, né?!

Uma mulher muito
inteligente, escreveu um livro chamado “Monólogos da Vagina”,
onde ficou exposta a verdade sobre como as mulheres muitas vezes se
omitem e se encabulam a respeito serem ” seres femininos”; no
caso a palavra vagina é um eufemismo metafórico para mulher.
Mulheres com vergonha de se despirem na noite de núpcias, mulheres
com receio de rejeição por terem sido enganadas por babacas
manipuladores, mulheres traumatizadas por terem se acidentado, se
machucado e serem ensinadas a ignorar que ‘lá em baixo’ existe,
mulheres que foram vítimas de homens violentos e por isso sentem
nojo de seus corpos. Como isso é possível? Por que isso acontece?
Em
uma propaganda do Youtube , vejo Laura Müller incentivando mulheres
a cuidarem da higiene e saúde de suas vaginas assim como cuidam de
seus cabelos, pele e peso, pois a mesma também é importante para o
equilíbrio e bem estar geral da mulher. Achei isso bem legal!
Eu sou evangélica por livre e espontânea vontade, mas graças a Deus nasci em uma família(também ‘crente’), uma igreja e uma geração onde as coisas são conversadas com clareza e com respaldo de conhecimento específico ,e por isso desde pequena minha mãe ( que é professora de educação infantil, psicopedagoga e muito presente e atenciosa) sempre me ensinou a cuidar da minha vagina e de certa forma, a vê-la como ela é : O que me representa como sendo do sexo feminino, e assumindo sua função de excreção e menstruação; e no momento em que fosse adequado, claro, função de prazer sexual e maternidade. Tudo começou quando eu desfraldei e mamãe me ensinou a secar bem os fazer ‘pipi’ para não ficar com cheiro de xixi e nem “assar”; depois anos mais tarde, mamãe me ensinou a usar roupas leves e calcinhas de algodão para dormir e a não ficar muito tempo com o biquíni molhado no corpo; depois mamãe me ensinou a colocar e a trocar absorventes, a fazer a higiene da região no período menstrual e a me depilar com barbeador mesmo e ainda disse que pelos são normais e que agora meu corpo iria mudar e eu me tornaria uma “mocinha”; na mesma semana mamãe me ensinou a lhe dar com cólicas menstruais e vazamentos noturnos; mais tarde mamãe me explicou a diferença entre absorventes externos e internos e o que são pílulas anticoncepcionais ( e que eu era MUITO NOVA para tomá-las); pra ficar mais claro ela me disse pra usar absorvente interno e pílula depois de casar
Confesso
que depois da infância eu nunca mais olhei para a minha vulva, mas
um dia, durante o banho e todos os procedimentos de beleza/higiene
que as mulheres fazem no banheiro eu precisei olhar para ela bem
nitidamente e ela estava lá ... Adulta e amadurecida, tão diferente
de como eu lembrava dela. Aos 4/5 anos eu me olhava nua na frente do
espelho e via como ‘eu era menina’, mas nesse momento foi a
primeira vez que eu encarei uma feminilidade e me vi como mulher.
Existem
muitas meninas que foram criadas em famílias que não tiveram o
diálogo que mamãe teve comigo, e se sentem envergonhadas, feias e
até sujas ... Mas como cristã digo que Deus criou a mulher em suas
formas, mais belas e encantadoras, e Ele próprio nos deu vagina, a
obra de Deus é linda, e não feia ou suja. Eu me sinto honrada em
ser mulher, e agradecida também ... Durante séculos artistas de
todo mundo retrataram as formas femininas, que em totalidade são
soma de sensualidade, delicadeza, beleza, mistério e atração, e
nas pinturas a ‘bonita’ está lá retratada, com linhas suaves,
discretas e ainda assim representativas .
Assuma
sua vagina! Se orgulhe dela. Celebre sua ‘mulherzice’! Só quem
tem vagina sabe o que é sangrar, só quem nasce mulher sabe como é
nascer forte.
Por
que falo tanto em vagina como representação da mulher? Porque ela
é como um centro, uma fonte no meio de um jardim , o jardim Femme.
Essa fonte é refrigerante, agradável e generosa tanto para o jardim
que a possui como para os que nela mergulham a fundo. No momento de
urinar, ela é o caminho de alívio depois de tanto segurar já que
mulher não pode “mijar em qualquer lugar”; no ciclo menstrual
ela auxilia o processo de reestruturação do útero e da
reorganização das concentrações hormonais, por isso não é a toa
que em alguns países absorventes são chamados de tampões; no
momento do coito, principalmente se o mesmo for cheio de amor,
paciência e ternura, é ela que vai assegurar a satisfação mútua
entre você e seu parceiro , e como um presente divino do Criador que
fez homens e mulheres, pênis e vaginas complementares entre si,
ainda temos o clitóris, cuja única função é nada mais nada menos
que o deleite; e se com sorte, esse deleite originar uma vida que se
formará dentro de você, e por meio da sua vagina que serão
sentidas as dores e emoções mas fortes que uma mulher pode sentir
tão intensamente depois de encontrar o ‘príncipe encantado’ que
cada uma idealiza para si : As dores do parto e as emoções de
trazer sua progênie ao mundo. O jardim Femme sem sua fonte central
não seria tão bom, estaria incompleto.
Já percebeu que quando um homem fala de forma perjorativa e ofensiva sobre mulheres, ele usa termos chulos ou até mesmo palavrões para se referir ao órgão sexual feminino?
Confesso
que não sou contra dar apelidos fofos e particulares a sua amiga
secreta, mas não gosto de inferiorização, insulto, aversão, e
omissão da mesma. E nem se fala de linguagem obscena. Por exemplo,
as vaginas são quentes, úmidas e macias, e eu imagino que o
interior delas deva ser escuro, feito uma gruta, mas chamar de
‘grutinha’ não tem nada a ver, então prefiro o termo
‘caverninha’; ‘casinha’ também pois assim como quando um
casal se casa passa a dividir a casa e compartilhar o espaço e
intimidades, quando o mesmo se une sexualmente eles passam a dividir
sensações e intimidades e a “morar” dentro um do outro ...
Honestamente nem sei de onde tiro essas coisas, mas pelo amor de Deus
mulherada, vamos aposentar a “baratinha”, a “perereca”(
“borboletinha” pode deixar porque borboletas são bonitas
HAHAHA)!
Eu
tenho vagina e sou a menina linda da mamãe!