quarta-feira, 6 de junho de 2018

Compartimentalização

Há uns meses eu venho reclamando para mim mesma sobre a minha noção de espaço, pertencimento e ocupação que vem se distorcendo com o avançar dos dias ...
Não sei você, mas eu me sinto apertada ... Isso mesmo, apertada. O espaço não é suficiente, preciso de mais.
Venho me sentindo assim no meu quarto cada vez que fico presa entre as coisas e acaso derrubando objetos das estantes ou fazendo barulho demais ao me mexer na cama e opto por não me mexer ou ficar em uma única posição; mas na verdade eu queria um quarto maior e só meu porque dividi-lo com minha irmã também não ajuda. Eu me sinto sufocada, meu espaço físico  é pouco abundante e insuficiente para mim, parece que eu não caibo mais na minha própria cama, é como seu estivesse todos os dias indo e.voltando da casa de outra pessoa e dormindo em uma cama que nunca foi minha.
Me sinto assim também no transporte público, que por si só é de má qualidade e ineficiente; quando não estou esmagada pelos corpos e emissões sonoras em excesso nos vagões e corredores sempre lotados, me vejo obrigada a me ajeitar em assentos nada anatômicos e que me fazem sentir gorda e desporporcional. A dor nas costas só piora seja sentada em assentos duros, seja em pé carregando bagagens pesadas e sendo empurrada,cutucada e imprensada durante horas todos os dias. A dor de cabeça se deve em parte pela minha irritação característica da minha natureza e do meu azedume que só se acentua com mais e mais motivos para me irritar, e em parte pela poluição sonora, gritaria e vozes estridentes de pessoas irritantes aos quais sou exposta diariamente.
Na sala de aula tenho ainda menos espaço. As carteiras pequenas e baixas, com mesas pouco espaçosas me obrigam a manter uma má postura e a virar ou dobrar o pescoço tantas vezes que já pensei até em procurar um massoterapeuta para me ajudar com o constante incômodo devido a torção dos meus músculos a fim de anotar e enxergar a lousa numa cadeira que parece feita para crianças do ensino primário.
Eu me sinto sempre fora do lugar;estou aqui mas não sou daqui e nada me faz sentir confortável, nem mesmo as conveniências.
Também não tenho espaço nos grupos sociais, nos casais menos ... E acho que nem na lembrança das pessoas. As vezes eu pareço um fantasma socialmente falando; não é todo mundo que é capaz de me enxergar e perceber a minha presença.

Será que eu estou crescendo e me expandindo e vou acabar colapsando, como um microuniverso prestes a entrar em combustão?
Talvez. Fato é que por vezes sinto que estou desaparecendo, acabando, perdendo partes de mim para algo maior que eu que me consome.
Eu me sinto sem espaço.

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