quinta-feira, 19 de março de 2020

Desentendendo

          Cada vez mais percebo como me tornei uma pessoa diferente; ainda sou a mesma nos aspectos de personalidade e caráter mas mudei demais o meu comportamento. 
Já fui mais aberta, mais convidativa, mais afetuosa até mas com o tempo fui mudando, por vezes intencionalmente. Já fui mais interessada em criar vínculos com as pessoas, agora eu tenho menos interesse.  
         Existem coisas que a gente vai desentendendo ao longo da vida, para entender depois quando estamos maduros o suficiente para aplicarmos a nós mesmos. Exemplos?! Bem, já cheguei a pensar que os relacionamentos, namoros, tentativas que conhecer pessoas fora e dentro da internet seria tão empolgante e gratificante como vemos nas séries, filmes, livros e depoimentos no YouTube de como as pessoas conheceram seu amor (estrangeiro), mas na verdade, se expor e permitir que as pessoas tenham ao menos a chance de tentar ter  algum interesse romântico pela sua personalidade pode ser bem frustrante, cansativo, doloroso e um pouco perturbador. A idéia de arrumar um emprego regular é bem simplista, até você realmente tentar se candidatar a qualquer emprego e perceber a quantidade de requisitos e adaptações necessárias para ganhar pouco e se cansar mais do que o admissível. Investir na sua carreira parece inato e inspirador, até ter atrasos na graduação, dificuldade de oportunidades remuneradas dentro da sua área, a distância e cargas horárias incompatíveis dos cursos de pós-graduação de seu interesse e claro, os numerosos e consecutivos cortes de orçamento das organizações responsáveis por manter a sua área de atuação funcionando e sempre atualizada. 
        Depois que a gente passa a não entender mais as coisas como elas  supostamente seriam no nosso imaginário , então podemos enxergar a crueza das coisas como elas são de fato e assim adaptar essa realidade a nós mesmos e nos adaptarmos aos espaços e núcleos dos quais temos que fazer parte ou tomar parte. 
          A gente passa a não entender mais os pais, os amigos, a economia, o sistema operacional dos dispositivos eletrônicos, as dinâmicas sociais, os nossos interesses românticos, a matéria do edital de um concurso, até mesmo a nós mesmos e então, com o choque de realidade, começamos a entender tudo outra vez, mais e melhor. Acredito que é sobre isso que se trata a década dos 20 aos 30 anos: não entender absolutamente nada, chegar  ao ápice do desespero, se acalmar, e então passar a perceber a prórpia compreensão.

    

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