quinta-feira, 19 de março de 2020

Pacientes de nós mesmos


          Nessa minha procastinação produtiva acabei tendo mais um insight sobre como ando resolvendo os meus millenials problems com a amostra grátis de um emotional burn-out  que ainda deixou um resquício de agitação interna e hábitos notívagos, e pensando nisso foi que eu peguei uma chick-lit só para me divertir e comecei a ler (e acabei baixando todos os livros da autora que achei disponíveis legal e gratuitamente) e tirei um excelente aprendizado junto com o divertimento que precisava no momento. 
         Depois de ler o livro Férias! de Marian Keyes , me identifiquei muito com as necessidades emocionais de crescimento da protagonista Rachel Walsh (e passei a desejar demais que o par romântico dela, Luke Costello, existisse hahaha #crushliterário) e de como parte do processo de recuperação principalmente emocional e cognitivo dela envolvia abraçar as próprias emoções, identificá-las , embarcar na própria identidade e claro, se responsabilizar sobre como essas emoções e reflexos afetavam o seu comportamento. Essa leitura teve um grande impacto em mim, além de , de longe ter se tornado o meu livro favorito da autora, devido a profundidade de como reflete a urgência de alguém que sabe que precisa mudar, que quer crescer mas que não sabe como; e todo o enredo em torno da autorresponsabilização e também da travessia individual desses processos me lembrou o filme Era uma vez, Eu verônica em que uma mulher começa a dizer e gravar seus pensamentos mais íntimos, suas dúvidas e medos como se em uma sessão de psicoterapia com ela mesma, e assim, ao se ouvir e se analisar sob a perspectiva externa de sua persona profissional (uma psiquiatra da rede pública de saúde que atende predominantemente pessoas perturbadas de baixíssimas classes sociais), consegue então solucionar seus conflitos e problemas, despertar de uma espécie de sono, de coma induzido emocional e a encarar de fato as mudanças que precisa fazer voluntariamente a fim de encontrar completude e satisfação em sua vida. 
           Quando a gente aprender a ser paciente de nós mesmos e não somente paciente com a gente mesmo, conseguimos extrair toda propriedade curativa do famigerado autoconhecimento, e assim prosseguimos para um novo nível emocional em que dominamos a nós mesmos com controle responsável e combatemos nossos gigantes usando as armas corretas, e não de mecanismos de fuga ou artifícios anestésicos. 
           Comecei esse ano (mesmo, ja na primeira semana do ano) totalmente disposta a mudar muitos dos meus hábitos e comportamentos, mas ao invés de fazer listas de coisas que eu deveria fazer, e começar de fora para dentro, fui buscar na literatura, no cinema, nas mídias sociais de informação e nas plataformas em que muitos profissionais disponibilizam palestras, apostilas, testes e arquivos de áudio  para mergulhar nas raízes das coisas que gostaria mudar e nos porquês de alguns sentimentos e pensamentos pesados e negativos simplesmente terem ficado tão marcados em mim que eu acabei me sentindo incapaz de me livrar deles defitivamente. Passei a explorar dentro de mim mesma tudo o que potencialmente causava meu sofrimento e fui desde as dificuldades que eu enfrentei para pertencer na escola primária, até as implicâncias, birrinhas, panelinhas e pequenas crueldades pré-adolescentes do ginásio, e claro toda a inadequação e insegurança do ensino médio e por fim, a independência  da faculdade, todos os processos que nos levam a desabrochar - ou se esborrachar- como um adulto e os problemas que nos transformam e extraem querendo ou não uma força e uma vontade de superar maior do que a gente, dei umas voltas pelos meus crushs mal sucedidos, ciclos viciosos, hábitos involuntários de autogratificação, medos e inseguranças, manias adquiridas e acentuadas com o tempo, meus refúgios emocionais e hábitos alimentares e de sono, fazendo umas paradas para avaliar minha autoimagem e conceitos de beleza .... E percebi uma coisa que estava me escapando aos olhos: Eu sou humana gente, e tudo bem. 
            A partir desse ponto, ser minha paciente tem me ajudado a ser paciente. Isso tem me poupado tanta energia, que estou menos cansada do que estava na primeira semana de Janeiro, não porque dormi mais, mas porque me consumi menos. 
            Seja seu próprio paciente, ativo na sua própria recuperação, empenhado na sua própria descoberta e dedicado ao seu próprio crescimento. 
              

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