quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Eu até que poderia ...

Eu até poderia me arrumar mais, usar mais maquiagem em dias comuns e não só em ocasiões especiais ou quando me dá vontade, mas assim não saberia como é ser admirada ao natural ...
Eu até poderia me vestir melhor, com roupas mais modernas e mais caras, calçar tênis menos surrados e camisetas menos repetidas e repetitivas, mas aí não poderia comprar meus livros e materiais de dança, e assim não poderia como é ser julgada pelo conteúdo e não pela capa ...
Eu até poderia ser mais sexy, mais safadinha, mostrar um pouco mais de pele, acentuar minhas curvas e fazer alguns comentários mais reveladores e provocantes, mas aí eu não saberia como é ser seduzida de um modo cortês e respeitador, não saberia como é ser interessante pelo que se tem dentro da mente e não das roupas íntimas, não saberia como é despertar os sentidos de alguém pela minha essência e certamente, não saberia a sensação de ter esperado pela pessoa certa e que merece ter meu tudo ( de minha alma e de minhas carnes) ...
Eu até que poderia ser mais descolada, mas aí não saberia como é ter meus princípios aceitos, mesmo que “antiquados” ...
Eu até que poderia ser menos religiosa, mas aí não saberia como é viver pela fé ...
Eu até que poderia dar uns “pegas”, uns “malhos” ou uns “amassos” em uns carinhas, na praia, em festas ou até mesmo no Tinder, mas aí eu não saberia o que é dar um coração cheio de amor ...
Eu até que poderia sorrir mais e ser menos tagarela e espalhafatosa, mas aí eu não saberia o gosto de soltar aquela gargalhada gostosa e de ficar horas batendo papo com pessoas legais que também gostam de papear só por papear mesmo ...
Eu até que poderia ir á algumas boates, casas de eventos, quem sabe beber um pouco ou “usar alguma coisinha”, mas aí eu não saberia como me divertir sendo puramente eu e fazendo o que quero num ambiente em que me sinta bem confortável e ajustada ...
Eu até que poderia ter menos opiniões, mas aí não saberia como é ter voz própria...
Eu até que poderia ter menos sonhos e anseios, mas aí não saberia como é ter uma razão pela qual fazer alguns esforços ...
Eu até que poderia fazer menos coisas sem relevância, mas aí não saberia como é fazer coisas só porque eu estou afim, e não porque “vai servir no futuro” ...
Eu até que poderia gostar de negros ,mulatos, pardos, caboclos ou índios, mas aí não saberia como é corar quando um par de olhos azuis acompanhados de pele de porcelana e cabelos dourados olham diretamente nos seus olhos e diz como seu cabelo parece macio ...
Eu até que poderia ser um pouco hipócrita e assim evitar certas inimizades, mas aí não saberia como é responder a uma provocação ...
Eu até que poderia gostar de investir em imóveis, automóveis e bens de consumo duráveis, mas aí não saberia como é investir em leitura, cultura, arte, viagens, entretenimento e enriquecimento pessoal ...
Eu até poderia arrumar mais cabelo, mas aí não saberia como é assumir minhas origens afroindígenas brasileira ...
Eu até que poderia ser mais equilibrada, mas aí não saberia como é ser voluptuosa e sentir os quadris preencherem a calça ...
Eu até que poderia deixar ao natural, mas ai não saberia que gosto de me depilar ...
Eu até que poderia por silicone, mas aí não saberia como é assumir os peitinhos ...
Eu até que poderia ser católica, mas eu gosto de ser protestante ...
Eu até que poderia morrer tentando ser rica, mas aí não saberia como ser grata pelo que tenho, cuidar do que já me foi dado e apreciar as riquezas da vida que valem infinitamente mais que qualquer moeda de alta cotação circulando pelo mundo ...
Eu até que poderia acreditar em forças superiores, evolução, teorias do surgimento do universo e da antropofização dos primatas, mas dentro de mim eu sei que existe um Deus Criador que fez todas as coisas ...
Eu até que poderia fazer sexo com desconhecidos, mas eu prefiro guardar para o meu futuro marido ...
Eu até que poderia tentar cozinhar melhor, mas eu prefiro me casar com um homem que cozinhe bem, assim ele faz o jantar e eu a sobremesa, ele arruma a mesa e eu limpo a cozinha ...
Eu até que poderia gostar de presentes, jóias, e flores, mas eu prefiro abraços, cartas escritas a mãos e principalmente, sentimentos verdadeiros e honestidade sobre eles ...
Eu até que poderia experimentar todas as possibilidades de relações amorosas antes de tomar uma decisão tão restritiva quando o casamento, mas eu sou heterossexual, monogâmica , tradicional e clássica; curto um amor à moda antiga ...
Eu até que poderia desejar ter filhas e ensiná-las a serem as mulheres que todo homem deseja, mas prefiro ter filhos e educa-los para serem os homens que toda mulher merece ...
Eu até que poderia Eu até que poderia ser diferente, mas eu só sei ser eu mesma ...





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