segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Millennial

Antes de mais nada, quero deixar claro que mesmo sendo super fã da série, esse post nada tem  a ver com a "lata velha espacial" pilotada por Han Solo nos filmes Star Wars; e gostaria de agradecer a atualizada professora que me introduziu esse conceito em sua aula de inglês no último dia 23.
Se tem coisas que eu tenho sentido intensamente nos últimos  2 anos - vamos colocar assim- não  tem nada a ver com a empolgação  e expectativas ilustradas nos livros, filmes, séries  e programas televisivos que retratam por vezes de forma parcial e limitada a vida de jovens adultos, mas sim, passo bastante tempo da companhia dos nossos não tão  amigos estresse, ansiedade e pressão.
Em retrospecto, atingir os vinte e poucos há  decadas atrás parecia tão empolgante sabe?!
Sim, tem toda a questão  do trabalho duro, conquista de espaço  e responsabilidades envolvida, mas crescer e se descobrir como ser independente, aprimorar habilidades e ser capacitado profissionalmente para iniciar uma carreira ... Isso era um diamante resplandecente que muitos garimpariam com afinco. A juventude da minha geração é muito perdida e fragmentada, cheia de opiniões  e reivindicações  mas rasíssimo conhecimento
fundamental  e compreensão das coisas.
A minha geração  foi ilhada, idiotizada e dessensibilizada pela tecnologia de ponta  que se tornou parte das nossas vidas; estamos sempre correndo e competindo uns com os outros, vazios e energizados por café e álcool; se desconstrói todo tipo de tradicionalismo considerado piegas e desnecessário mas nada se constrói de volta, deixando apenas um espaço vazio preenchido com sexo e festas exageradas organizadas e divulgadas por aplicativos.
Os jovens da minha geração  são paranóicos e obcecados, com dinheiro, com o corpo, com as curtidas das fotos e visualizações dos stories ... Todos vivemos num ritmo frenético  e numa expectativa de  sei lá o que.
O meio ambiente em colapso, crises humanitárias e levantes políticos pipocando pelo mundo, a violência e a negligência cada vez mais institucionalizadas, o excesso de profissionais qualificados para poucas vagas de emprego, o piso salarial cada vez mais defasado, profissões sumindo, profissões surgindo e a vagabundagem nossa de cada dia mais descarada que nunca, falta de comida e água para tanta gente no mundo e uma exigência perversa de que temos todos que ser de altíssimo rendimento porém sem nada que nos mantenha de fato.
Somos jovens adultos indecisos,inseguros, medrosos que não tem tempo para descobrirmos quem somos e o que nos faz feliz pois depois da faculdade e do inglês tem que vir mestrado, doutorado, fluência em mais dois idiomas, o parceiro perfeito , filhos sob encomenda, a casa dos sonhos da Barbie e o carro do ano para que as fotos do Instagram se pareçam cada vez mais com a montagem de um estúdio do que com a realidade da vida de alguém que muito estudou, mal comeu e pouco dormiu para ganhar um salário reduzido pelos impostos o qual pouco aproveita pois está sempre muito cansado e organizando tarefas a fazer e concluir.
As relações humanas são tóxicas, cansativas, fingidas ou puramente dispensáveis.
A semana passa tão rápido que parece que vivemos um mês inteiro em 24 horas.
O calor está de matar, tá tudo  absurdo de caro e não se encontram mais pretendentes decentes. 
Uns bebem muito álcool, outros muito refrigerante, outros muito café ou energéticos, mas nao podemos esquecer da garrafinha de água porque hidratação é importante.  Somos todos melancias com ansiedade e ausências emocionais.
Todo mundo adiciona todo mundo, mas ninguém inclui ninguém. Estamos sempre checando nossas mensagens e atualizando perfis, mas não  nos conhecemos e nem fazemos parte das vidas uns dos outros. Fantasmas virtuais assumem nossas personalidades enquanto tentamos fazer nossas vidas aparentarem ser melhores do que realmente são dentro dos gostos populares e de acordo com os trend topics.
Não  sabemos nem o nome dos nossos vizinhos, mas nos correspondemos por anos com pessoas que nem sequer vimos pessoalmente alguma vez.
Rimos sem vontade, temos medo de amar e choramos escondido. 
Além  de todas as novas epidemias do século 21, o mal do século é  não  se autêntico e ter sua essência roubada junto com seu precioso tempo de vida.
Eu não me sinto jovem, não me sinto adulta e não me sinto pertencente.
E conversando com a mencionada professora sobre os tópicos acima, ela simplesmente me disse : " Não é que você não seja adulta suficiente, é que você  é  uma millenial".
Crianças que tinham de 0 a 5 anos quando 1999 virou para 2000 sabem como me sinto, e vão compreender o que ela disse.

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