terça-feira, 3 de novembro de 2015

Alma desnuda, coração sangrento

Eu tenho muito respeito e admiração por Charles Chaplin, sua criatividade e humor sempre me impressionam, mas o que dá o toque pessoal de Chaplin às coisas é a sua sensibilidade.
Em carta, Charles Chaplin disse á sua filha “Seu corpo nu deve pertencer a quem se apaixonar por sua alma nua.”,  eu nunca concordei tanto com um homem no que tange a relação sexual quanto ao ler esse fragmento da carta. Não só sobre sexo, mas sobre amor.
Muita gente pode achar a visão de Chaplin um
pouco machista, mas como um pai, um homem que amou muito e um artista devoto e cheio de exposição e verdades expostas, eu acho que Chaplin só estava sendo sincero sobre amor, sexo e relacionamentos com sua filhinha amada. Uma  sinceridade muito justa, e bonita, por sinal. Vivemos num mundo onde as pessoas tem coragem de compartilhar fotos totalmente nuas, mas não são capazes de dizerem totalmente suas verdades e de  se lançarem totalmente nelas; é muito mais fácil abrir as pernas que o coração... Um coração partido pode levar anos para ser curado, mas não existe melhor remédio que o amor.
Apesar de romântica incorrigível e odiar profundamente ser assim, eu sou muito reservada quando se trata de amar, e digo, amar mesmo, deixar uma outra pessoa entrar na sua vida e fazer parte dela; se misturar a você e a suas coisas até que você se confundam e acabem tornando – se parte um do outro, deixando marcas e rastros um no outro. Quando se ama alguém, essa pessoa quase que telepaticamente faz você abrir as portas trancadas por dentro; alguém que desperte seus interesses e instintos, alguém que você deseje e busque, alguém que é  capaz de ler e interpretar você, alguém que tem coragem de te dizer as verdades que você não quer ouvir, mas que seja também leal o suficiente para não usar a verdade para te ferir e nem os seus sentimentos para te usar e subverter. Ter uma ligação emocional  sinceramente intensa  com alguém é um benção concedida às pessoas que tem coragem de se expor ao outro.
Desnudar a alma é uma das atitudes mais difíceis de se fazer. Tirar os sapatos, as roupas, a roupa de baixo isso é quase automático de tão natural, porque até para nos banharmos fazemos isso, mas tirar  os sapatos emocionais, as roupas dos códigos de ética e convenções sociais e as roupas de baixo dos medos e anseios e deixarmos tudo o que temos dentro de nós completamente a mostra é algo que se faz conscientemente, e por isso é tão difícil: Temos consciência do que vai aparecer com  a nossa nudez emocional, e isso nos assusta.
Mas eu acho que eu saquei o cerne da questão que Chaplin quis mostrar a sua filha, encontrar alguém em quem se confia o bastante para mostrar as partes íntimas, as partes sangrentas e frageladas da alma , as partes desprezíveis e egoístas, as partes inseguras e amedrontadas e as partes sonhadoras e sedentas é uma dádiva; principalmente se  o outro também se desnuda e te deixa ver tudo o que puder ser mostrado, incluindo o que vocês não gostariam de ver e nem de mostrar, então você encontrou o amor, quem sabe até o amor de sua vida. E agora que as almas já estão despidas e tocando-se uma a outra por meio da confissão e aceitação mútua, a paixão carnal de se despiram e tocarem terá seu propósito concretizado : Duas pessoas que já estão unidas por suas mentes e almas, agora irão  se unir em seus corpos.  E consequentemente, quem aceitou sua alma como ela é e está, vai também aceitar seu corpo como ele é e está. Isso é ótimo de se saber.

Por isso que vou me casar com o homem que me fizer destrancar as portas e deixa-lo entrar, quero tê-lo comigo para sempre ... Pode ser difícil encontra-lo, mas Chaplin me fez renovar as esperanças de que vai valer a pena a dificuldade, em troca de desfrutar os amores que se podem ter com alguém que fizer  minhas fortalezas virem ao chão. 

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