Eu tenho muito
respeito e admiração por Charles Chaplin, sua criatividade e humor sempre me
impressionam, mas o que dá o toque pessoal de Chaplin às coisas é a sua
sensibilidade.
Em carta,
Charles Chaplin disse á sua filha “Seu corpo nu deve pertencer a quem se
apaixonar por sua alma nua.”, eu nunca
concordei tanto com um homem no que tange a relação sexual quanto ao ler esse
fragmento da carta. Não só sobre sexo, mas sobre amor.
Muita gente
pode achar a visão de Chaplin um
pouco machista, mas como um pai, um homem que
amou muito e um artista devoto e cheio de exposição e verdades expostas, eu
acho que Chaplin só estava sendo sincero sobre amor, sexo e relacionamentos com
sua filhinha amada. Uma sinceridade
muito justa, e bonita, por sinal. Vivemos num mundo onde as pessoas tem coragem
de compartilhar fotos totalmente nuas, mas não são capazes de dizerem
totalmente suas verdades e de se
lançarem totalmente nelas; é muito mais fácil abrir as pernas que o coração...
Um coração partido pode levar anos para ser curado, mas não existe melhor
remédio que o amor.
Apesar de
romântica incorrigível e odiar profundamente ser assim, eu sou muito
reservada quando se trata de amar, e digo, amar mesmo, deixar uma outra pessoa
entrar na sua vida e fazer parte dela; se misturar a você e a suas coisas até
que você se confundam e acabem tornando – se parte um do outro, deixando marcas
e rastros um no outro. Quando se ama alguém, essa pessoa quase que telepaticamente
faz você abrir as portas trancadas por dentro; alguém que desperte seus
interesses e instintos, alguém que você deseje e busque, alguém que é capaz de ler e interpretar você, alguém que
tem coragem de te dizer as verdades que você não quer ouvir, mas que seja
também leal o suficiente para não usar a verdade para te ferir e nem os seus
sentimentos para te usar e subverter. Ter uma ligação emocional sinceramente intensa com alguém é um benção concedida às pessoas
que tem coragem de se expor ao outro.
Desnudar a
alma é uma das atitudes mais difíceis de se fazer. Tirar os sapatos, as roupas,
a roupa de baixo isso é quase automático de tão natural, porque até para nos
banharmos fazemos isso, mas tirar os
sapatos emocionais, as roupas dos códigos de ética e convenções sociais e as
roupas de baixo dos medos e anseios e deixarmos tudo o que temos dentro de nós
completamente a mostra é algo que se faz conscientemente, e por isso é tão
difícil: Temos consciência do que vai aparecer com a nossa nudez emocional, e isso nos assusta.
Mas eu acho
que eu saquei o cerne da questão que Chaplin quis mostrar a sua filha, encontrar
alguém em quem se confia o bastante para mostrar as partes íntimas, as partes
sangrentas e frageladas da alma , as partes desprezíveis e egoístas, as partes
inseguras e amedrontadas e as partes sonhadoras e sedentas é uma dádiva;
principalmente se o outro também se
desnuda e te deixa ver tudo o que puder ser mostrado, incluindo o que vocês não
gostariam de ver e nem de mostrar, então você encontrou o amor, quem sabe até o
amor de sua vida. E agora que as almas já estão despidas e tocando-se uma a
outra por meio da confissão e aceitação mútua, a paixão carnal de se despiram e
tocarem terá seu propósito concretizado : Duas pessoas que já estão unidas por
suas mentes e almas, agora irão se unir
em seus corpos. E consequentemente, quem
aceitou sua alma como ela é e está, vai também aceitar seu corpo como ele é e
está. Isso é ótimo de se saber.
Por isso que
vou me casar com o homem que me fizer destrancar as portas e deixa-lo entrar,
quero tê-lo comigo para sempre ... Pode ser difícil encontra-lo, mas Chaplin me
fez renovar as esperanças de que vai valer a pena a dificuldade, em troca de
desfrutar os amores que se podem ter com alguém que fizer minhas fortalezas virem ao chão.
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